sábado, março 28, 2009

5ª Parte | Ensinando para transformar vidas...

DE QUE PRECISA UM PROFESSOR?
Qual era o material empregado de Jesus? Hoje ele seria depreciado pelos educadores porque seu método era a saliva. Nem mesmo giz possuía. Mas seu impacto foi muito mais profundo que o causado por muita gente com tecnologia educacional de primeira linha.
Aparentemente ele estava desfavorecido, em relação às modernas técnicas de ensino e de comunicação atuais. Mas na realidade estava muito bem provido. Em primeiro lugar, ele tinha uma revelação da parte de Deus. Em segundo lugar, ele tinha um bom conhecimento do ser humano, pois conhecia o que se passava no coração humano (Lc 9.47). Estes são os dois elementos fundamentais para um bom professor bíblico. Conhecer a Palavra de Deus e conhecer as pessoas a quem ministra.
Um bom professor precisa, acima de tudo, conhecer a revelação de Deus em Jesus Cristo. Do ponto de vista material, seria recomendável ele possuir umas três traduções bíblicas bem seguras. Respeitosamente, indicaria a Versão Revisada, da Imprensa Bíblica Brasileira, Almeida Século 21, a NTLH e a King James em português. Indicaria também a Bíblia de Jerusalém, de produção católica. As notas de rodapé da KJ e da BJ são excelentes. Deve ter uma boa concordância bíblica, como a da SBB, e um dicionário bíblico (neste caso, “O Novo Dicionário da Bíblia”, da Vida Nova). E um dicionário secular, obviamente. Mas nunca perdendo de vista que o material de ensino é a revelação em Jesus Cristo.
Depois deste alicerce, sem o qual a casa rui, ele precisa conhecer os alunos. A igreja deveria fornecer estudos ou material aos professores sobre o modo de ser das diversas faixas etárias e de receber informações dos diversos grupos etários, para instrumentá-los. E os professores não podem ter um conhecimento meramente dominical de seus alunos, mas ter um relacionamento pessoal com eles, fora do ambiente eclesiástico.
Jesus tinha um método de interpretar as Escrituras. Aparentemente, num exame superficial, ele seguia o método rabínico. Mas erram feio aqueles que vêem em Jesus um mestre rabínico. Ele não seguiu este método. Seu modelo era novo, completamente distinto de tudo que se vira até então. Ele reinterpretou as Escrituras na sua pessoa. Ele era o novo intérprete da Torah. E isto a tal ponto que Lucas 16.16 diz que “A lei e os profetas duraram até João…”. Ele dizia com muita naturalidade: “Ouvistes o que foi dito, eu, porém vos digo”. O professor deve interpretar as Escrituras pela pessoa de Jesus Cristo. A igreja de Cristo vive um momento delicado hoje por sofrer um processo de rejudaização, que se vê na presença nos templos de símbolos do judaísmo, na nomenclatura (há gente se intitulando de levitas, hoje) e nos cânticos. Como se canta o Antigo Testamento, no meio de cânticos! Isto sem falar daquelas letras que eu, pelo menos, não sei o que significam. Acostumado com raciocínio linear, por vezes não vejo sentido no querem que eu cante. Jesus usou o Antigo Testamento, mas o reinterpretou em sua pessoa. Não pretendo ministrar um curso de hermenêutica aqui, embora reconheça que os professores de EBD deveriam ter alguma orientação nesta área. Mas deixo duas regras elementares de interpretação da Bíblia aqui: (1) A Bíblia interpreta a Bíblia. Por isso não aceite esta atitude de gente que gosta de “pegadinhas” e de jogar um versículo bíblico contra outro. Ela é um todo coerente; (2) O Novo Testamento interpreta o Antigo e Cristo é o cânon dentro do cânon, como Lutero bem afirmou. Cristo é o fio de prumo para se entender a Bíblia, pois ele é a palavra final de Deus, a Palavra que se fez carne (Jo 1.14, Hb 1.1-12 e 2Jo 9). Nós somos filhos da revelação completa, e não da revelação parcial.
Um bom professor precisa de algum material básico, mas precisa principalmente de uma postura: ele é um cristão e por isso deve ater-se à pessoa de Cristo, e formar uma cosmovisão cristã. Isto é mais importante que qualquer material didático. Lembremos que Paulo só foi ter com os apóstolos quando seu ministério estava em andamento há anos. Mas eles nada lhe acrescentaram nem ele havia ensinado algo errado antes disto (nem ensinou depois). Paulo tinha uma forte cosmovisão cristã. Ele enxergava o mundo a partir de Cristo. Precisamos, como líderes, retornar a esta visão.

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