sábado, março 28, 2009

4ª Parte | Ensinando para transformar vidas

O MÉTODO DE ENSINO DE JESUS
Jesus é considerado o mestre por excelência. Gostaria que nos centrássemos nele, em nossa avaliação. Creio que nossa educação sofre por copiar modelos seculares, e não os bíblicos. Certa vez, em uma reunião de professores de Teologia perguntei por que havia, entre eles, uma fixação com Paulo Freire e não com Jesus ou Paulo, como educadores. Não preciso provar a ninguém que não invalido a cultura secular, mas me incomoda que desprezemos a rica cultura bíblica em muitos momentos, em detrimento da visão secular. E não sou desconhecedor da educação teológica. Trabalhei na administração de dois seminários, recusei trabalhar na administração de um terceiro, estou, presentemente, convidado para um quarto, fui presidente por 6 anos da ABIBET (Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico, que congrega mais de quarenta seminário batistas). A questão é que não consigo entender porque, tendo toda a riqueza do modelo de Jesus e do modelo de Paulo, copiamos métodos seculares. Hoje se escrevem livros sobre Jesus como líder, Jesus como psicólogo, Jesus como mestre, Jesus como administrador, mas nós queremos ver pensadores seculares regendo nosso processo de pensamento.
Na própria personalidade de Jesus descobrimos muito de seu método. Pensemos um pouco nele. Nele, o homem é o método.
(1) Qual foi a sua filosofia de ensino? A autodoação. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Ele não transmitia idéias, mas transmitiu-se a si mesmo. Sem megalomania, mas na profunda consciência de que era o Salvador. O bom professor precisa nutrir esta consciência de seu valor como agente do Reino. Ele não transmite idéias, mas sim a vida que há em Cristo e que deve haver nele. Ele precisa dizer: “Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Ele precisa se doar a Cristo e se doar ao magistério bíblico.
(2) Qual foi o seu alvo? As pessoas. “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23). Seu ministério foi voltado primeiro para Deus, mas seu alvo eram as pessoas. O alvo do professor não deve ser um programa de um ensino ou a transmissão de um conteúdo. Isto é secundário. O principal são as pessoas. No processo de educação, o aluno é o principal. Há educação sem professor, mas não há educação sem aluno. O professor de EBD tem que ver as pessoas como o alvo do seu trabalho. Numa igreja em que fui pastor, o professor dos adolescentes se chamava Jorge Henrique de Azevedo Miranda. Hoje é pastor no litoral paulista. Recordo-me da sua alegria quando batizei mais dois adolescentes. E ele me disse, jubiloso: “Eram os dois que faltavam entregar a vida a Cristo”. Ele via as pessoas, não uma tarefa ou apenas “a classe”.
(3) Qual foi sua ferramenta? A sabedoria. As multidões se admiravam de sua sabedoria e diziam que ninguém falara como ele. Os doutos ficavam embaraçados com suas respostas e mais ainda com suas perguntas. Foi a mesma ferramenta de Estêvão (At 6.10). Mas estabeleçamos que sabedoria é diferente de cultura secular e de formação acadêmica. Vem de Deus (Pv 2.6). E quem não a tem, deve pedi-la a Deus que dá a quem pede (Tg 1.5). Sabedoria é conhecer seus limites, conhecer suas limitações, ter dependência de Deus, ter o que dizer, saber quando falar, saber quando calar. Isto tudo estava na vida de Jesus. E deve estar na vida do professor da EBD.
(4) Qual foi a sua estratégia? A empatia. Empatia é a capacidade de se sentir como a outra pessoa. Tive um amigo que, quando a esposa engravidava, ficava com vômitos. Isto é que é empatia. Mas a empatia divina é a maior de todas: Jesus se fez carne e andou entre nós. Ele foi como nós, exceto que sem pecado. Há professores que se colocam num pedestal, muito acima dos alunos. Ele sabe e eles, não. Ele tem espiritualidade e eles, não. Alguém se queixou de um missionário norte-americano que tratava os alunos brasileiros como se estes tivessem descido das árvores há pouco (eu fui um dos queixosos). O bom professor se identifica com os alunos. Envolve-se com eles. Tem o que dizer, mas não do alto de um pedestal. Isto é mais que estar no meio deles, mas entender como e porque são assim. Principalmente professores de juniores, adolescentes e de jovens.
O professor da EBD é um professor de vida cristã não pode ter outro modelo que não seja este. Nem outro método que não seja o método o Mestre dos mestres. Afinal, este método deu certo. E lembremos que por mais que venhamos a utilizar métodos seculares (eles não são pecaminosos só por serem seculares) os métodos e modelos bíblicos têm um valor enorme.

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