sexta-feira, março 27, 2009

3ª parte do texto... | Isaltino Gomes

COMENTANDO AS DIFERENÇAS
Algo já foi ensaiado no capítulo anterior, mas aqui amplio os comentários sobre as diferenças entre a educação cristã e a secular, buscando aplicar estas diferenças à prática do processo.
A primeira é esta: O principal conteúdo do ensino cristão é a revelação de Deus trazida por Jesus Cristo. Aqui há uma amplitude enorme de possibilidades, mas há uma restritiva: trazida por Jesus Cristo. Isto significa que mesmo quando ensinamos o Antigo Testamento, continuamos como cristãos. É o Novo Testamento, a revelação trazida por Jesus e continuada pelo Espírito Santo que ele enviou, que rege a nossa a vida. O Novo Testamento interpreta o Antigo. Nossa matéria é a revelação trazida pelo advento de Jesus. O Novo Testamento é produto do seu advento e o Antigo deve ser reinterpretado nele. O ensino na Escola Bíblica Dominical é a visão bíblica cristã que devemos ter do mundo. Há Isto não fecha a porta para estudos temáticos, como se só estudo bíblico livro por livro, versículo por versículo pudesse suceder. Em minha ex-igreja tínhamos uma classe de casais, que estudava assuntos relacionados à vida familiar. Mas a visão era bíblica. A matéria é Jesus e o livro texto é a Bíblia.
A segunda é esta: Não devemos amoldar a Bíblia à nossa visão cultural. Via de regra, a cultura se apossa a revelação e a ajusta à sua concepção. Os evangélicos são, em grande parte, hoje, pessoas de classe média. Temos visto um amaciamento das Escrituras para fazê-las consonantes com nossa concepção de vida. Tenta-se, em muitos círculos, fazer a Bíblia confirmar nosso estilo de vida. Temos uma determinada percepção dos fatos e da vida e queremos que a Bíblia sancione e legitime nossa percepção. Mas ela deve corrigir e modelar nosso estilo de vida. A formação de um caráter cristão deve ser o objetivo do ensino. Isto já nos abre uma questão. Muito do trabalho em classe é a “exegese achista”: “Eu acho assim, ó” ou “Eu penso assim, ó”. Isto não é relevante. O relevante é “a Bíblia diz assim”. Escola Bíblica não é o âmbito da expressão “Eu acho que..”, mas sim da expressão “A Bíblia diz que…”. O eixo hermenêutico para lermos o mundo é a Bíblia, não nossa visão e nossa cultura.
A terceira é esta: A personalidade do professor é indispensável no processo de educação cristã. O seu caráter cristão e sua piedade pessoal endossam seu ensino. O professor precisa ser pessoa integrada na igreja, solidário com ela, servo e amante dela. Precisa ser uma pessoa genuinamente cristã. Sttot disse que Paulo era um homem “intoxicado” de Cristo. O professor da EBD precisa ser uma pessoa “intoxicada de caráter cristão”. Obesamente cristã. Com isto defino que o ensino na EBD é mais que cognitivo. É personalístico, ou seja, é para formar a personalidade de Cristo no aluno. Preferi personalístico a transformador porque quero ressaltar bem que é para formar a pessoa de Cristo no educando.
Quero, a seguir, apontar alguns princípios bíblicos que podem nos ajudar na visão correta do processo de ensino na EBD, e depois apontar sugestões metodológicas. Não de forma exaustiva, porque metodologia educacional demandaria um semestre letivo, mas numa forma que permita o lançamento de bases e a discussão do exposto.

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