terça-feira, março 17, 2009

Voltei... Pelo menos por enquanto

Texto extraído do site do Pr. Isaltino Gomes que publicarei em três partes. Segue a primeira.

INTRODUÇÃO

Parece-me que o discurso de nossas igrejas sobre a autoridade das Escrituras e sua importância para a vida cristã não se coaduna com o pouco valor que o estudo da Bíblia tem em nosso meio. Conto duas historietas para ilustrar isso (sou um incorrigível contador de histórias). Amigo meu, hoje em outro país, contou-me que foi realizar conferências de aniversário em uma igreja, de sexta a domingo. Puseram-no como hóspede de uma família, o que é normal. Lá, ele teve que dormir no quarto de um adolescente, destes típicos, que deixam até roupa de baixo pendurada no lustre. Deram-lhe uma gratificação de R$ 300,00. No domingo à noite veio um conjunto musical que se hospedou em um bom hotel (foi uma de suas exigências) e recebeu um cachê de R$ 3.000,00 (outra exigência). Por favor, esqueçam a questão de valores. Não são os fundamentais. Eles são citados aqui para compor o quadro. Meu colega não é artista do púlpito nem vende sermões. É um homem íntegro, mas contou-me a história para que se visse o que as igrejas valorizam.

A segunda deu-se com “este que vos fala” (expressão nova, que por certo nunca ouviram antes). Fui pregar no aniversário de uma igreja, num culto em que um casal gritou oito mensagens musicais. Deram-me a palavra, após a gritaria, e o casal saiu para um lanchinho rápido. Preguei e o casal voltou para mais duas sessões de gritos. Eram artistas que não participaram do culto, e durante a mensagem que preguei, o auditório estava inquieto esperando o retorno deles.

Apesar disto e de outros eventos piores, continuamos dizendo que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que sem ela não há crescimento espiritual. As igrejas investem em shows musicais, mas não na Escola Bíblica Dominical. Constantemente estão trocando aparelhagem de som, mas nem sempre investem em recursos educacionais para viabilizar o processo de ensino e aprendizagem da Bíblia. Já pensaram se o diretor da Escola Bíblica pedisse um retroprojetor para cada classe, e um multimídia para cada departamento? Seria deposto. É sintomático também que muitas igrejas tenham ministro de Música, mas não tenham um de Educação Religiosa. “Isto qualquer um pode fazer!”, já ouvi algumas vezes.

Mas se queremos igrejas fortes e sadias precisamos ser fortes no ensino da Bíblia. “Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade”, disse Jesus (Jo 17.17). A igreja de hoje tem programas e agitação, mas não tem santidade. E apresenta algumas das mesmas patologias do mundo. Porque falta-lhe base bíblica. Sem solidez bíblica a igreja corre riscos sérios.

Neste sentido, o processo de ensino na EBD é fundamental na vida de nossas igrejas, e sem exagero, creio que até para sua sobrevivência. Sei que a sobrevivência da igreja é sobrenatural e depende do Espírito Santo, mas quero me referir à sobrevivência sem descaracterização. O futuro da igreja, não como organismo social, mas como corpo de Cristo, depende, em grande parte, humanamente falando, de como ela está instruindo seus membros. Que tipo de cristãos estamos formando?

Algumas pessoas entendem pouco do processo de educação, e por vezes não conhecem bem como deve ser uma classe. Assim, fazem um miniculto, com cânticos e uma minipregação ao invés de lecionar. Outros conhecem bem o processo de educação, até mesmo por serem professores. Mas trazem para as igrejas os mesmos vícios de um processo educacional que não tem dado certo nas escolas. A educação brasileira, e não é de hoje, capenga e se arrasta dolorosamente. Mas seus executores transferem a culpa para os alunos, para o governo e para a sociedade. Recomendo aos interessados em educação que leaim a entrevista da Dra. Eunice Durham, na revista “Veja”, de 26.11.2008, intitulada “Fábrica de maus professores”. Ela critica com dureza os professores pelo seu corporativismo, e pelo alheamento por acharem que não são culpados pela péssima educação brasileira. Critica principalmente as faculdades de pedagogia que os entopem de conceitos esquerdizantes, repletos de chavões irrelevantes, numa visão totalmente anacrônica. Segundo ela, a preocupação é formar transmissores de ideologia, e não professores. Ao invés de formar profissionais, o sistema educacional quer formar “cidadãos conscientes”, geralmente sob ótica marxista. Cidadania é bom, mas não é o alvo do processo educacional. Neste sentido, a educação em nossas igrejas parece com a educação secular brasileira. Escassa autocrítica e por vezes, excesso de frases feitas, com mais ideologia eclesiástica que ensino cristão. E as deficiências continuam sendo ignoradas. Se o aluno não aprende e não passa por um processo de transformação, a culpa é dele.

Isto não significa que invalido o trabalho dos professores de EBD. Pelo contrário. Os professores de EBD são pessoas de grande valor para a igreja de Cristo. Não devem subestimar seu trabalho e nem devem fazê-lo de qualquer maneira. São obreiros muito valiosos. Eu os respeito e é por isto que estou aqui neste congresso para educadores. Até começo com um sonho: seria muito bom se as igrejas dessem à educação a dimensão que dão ao louvor. Se gastassem com a educação o que gastam com som. Que impacto seria!

Um comentário:

Anônimo disse...

vamos atualizando isso... ;D

adóóro.
;**